domingo, 2 de setembro de 2007

A vida em Portugal, parte 1

Boas pessoal

Hoje vou vos falar mais um bocado de mim.

Ora bem, essa vida foi muito caricata, em algumas alturas muito boa, e noutras menos boa.

Ainda em Angola, fui surpreendido pela minha mãe, no dia das eleições de 92 que iria para Portugal, e calhar foi uma semana antes, não me lembro bem, mas não foi muito tempo antes. Algumas ligações aos meios políticos da altura deixaram a minha mãe com a real sensação de que o País iria mergulhar na guerra que se seguiu, então para garantir a nossa segurança, minha velhota achou por bem, nos mandar para fora de Angola, a primeira ideia era Brasil, mas seria difícil obter a documentação, e como havia família cá em Portugal foi a escolha.

Eu obviamente estava tristíssimo, tinha 13 anos, estava a começar a papar gajas, a começar a abrir o olho, e viria para um País que não tem nada a ver, era um rude golpe nas minhas aspirações, mas hoje agradeço a minha velha, não sei se estaria vivo em Angola.

Bem, posto cá em Portugal, o céu não era vermelho como eu pensava, era mesmo azul, e como cheguei dia 1 de Outubro de 1992, ainda estava calor, logo, também caía por terra a cena de que Portugal é um País frio, so vim a comprovar isso mais tarde. Bom depois de uma noite em Lisboa, fomos de comboio para o Porto, a viagem nunca mais acabava. Mas enfim lá chegámos, eu procurei logo uma televisão para ver a Fórmula 1, e foi no porto que vi que os autocarros andavam tipo comboio com aqueles trilhos eléctricos nas ruas, coisa a que não estava nada familiarizado.

Bem, cerca de 2 ou 3 dias depois, a primeira casa, na Rua da Estação em Rio Tinto. Não passou muito tempo e estava matriculado na escola, ainda a ver se não voltava para o 6º ano, afinal em Angola tinha passado para a sétima, e então estava esperando pelas equivalências. Por certo as aquilo diria que deveria voltar um ano, mas o rendimento justificou a aposta da escola em me manter no 7º ano, pq era só um dos melhores da turma, acabanda mesmo com a melhor média em igualdade com o Nuno que era tbm o meu grande camba, aquele estava sempre comigo. Pir é que ele era fã do Prost, mas reconhecia o piloto que era Senna foi com ele que vi o Funeral do meu ídolo, nesse dia faltamos as aulas, ou o prof não foi, algo assim, só sei que o Nuno mora aqui no meu coração.

Bem, o tempo foi passando e eu cada vez mais me adaptando a Portugal, não foi fácil, mas poderia ter sido pior. Conheci muita gente, muitos dos quais ainda hoje tenho contacto com eles e são grandes amigos.

Mas há 3 pessoas que devo realçar. Júlio, Zé e Álvaro. O Jú foi o primeiro gajo que não era da minha turma, a ser meu amigo, só posso dizer que é uma pessoa fantástica, tem uma forma de ser muito peculiar, mas é muito sincero e um grande amigo.

O Zé e o Álvaro, são dois irmãos, nos conhecemos no Pingo Doce, agora já é outra loja, Feira Nova de Rio Tinto, nós passávamos a vida a jogar na altura o Game Boy, a Mega Drive, e então, eles já tinham a consola e os jogos mais fixes, e eu passava horas em casa deles a jogar, foram grandes momentos, foram tantas que nem dá pra contar.

Com o Júlio, ainda havia a bela equipa de Basket da escola, em que uma vez fomos a um torneio, jogar com pessoal da nossa idade supostamente, mas fodass, eles nos davam mais de 30 cms de altura, grandes bestas e nós todos pequenos, bem no final perdemos por 16 a 3, e os nossos três pontos, é o Júlio que ganha um ressalto me dá a bola, eu dou ao Renato que atira de costas ou de frene mas a padeiro para o cesto de raiva, e a bola entra, foi demais, depois voltamos todos fodidos, afinal fomos enganados, o gajo mais alto da nossa equipa era mais baixo que o mais baixo da equipa deles.


Destes tempo lembro de mais gente, lembro que a Carina foi a primeira dama a quem pedi para ser minha dama (mas ela disse espera, e esperei até hoje), o Helder, o Luis, o Hugo e Pedro Tavares, o Fernando, o pessoal do Sport de Rio Tinto, que foi o primeiro clube onde treinei, mas que nem inscrito fui, era Iniciado e eles só tinham Juvenis e uma grande equipa que quase subiu de divisão tendo disputado segunda fase,
o pessoal da minha turma do 7º e 8º, o Jorge, a Xana (tbm curti da Xana, mas depois o Jorge tbm queria e então lá andaram e eu a xuxar no dedo, mas tbm ligava mais à bola do que as damas), a Sofia, a Carmen, o Bessa, o Jaime, as manas Cátia e Elsa, a Ângela, o Rui, os Pedros Mota e da Mota, o meu grande irmão NUNO, epá tanta gente que enfim...


Foram tempos que fizeram um bocado do que sou, mas para mim, esse tempo foi mais do que isso, foi uma diferença tão grande em tantos aspectos, que por vezes, acho que as coisas deveriam ficar naquele estado.

Mas feliz ou infelizmente nós temos que crescer e que evoluir e tudo foi mudando, mas uma coisa permanece intacta, a amizade, o respeito que havia continua e cada vez mais, hoje em dia cada vez que me encontro com estas pessoas, é um pagode, embora esteja mais vezes com aqueles 3 manos e com o Nuno, os outro já é mais esporádico.

Só de realçar que esse tempo durou cerca de 2 anos, depois fui para Viana do Castelo, Darque, mas sobre isso falarei mais tarde noutro post.

Meus amigos, aquele abraço do sempre e vosso camba Valdemas e lembrem sempre que mesmo estando longe estarei sempre por perto em pensamento.

2 comentários:

Anónimo disse...

Pah somos irmãos, vivemos muito tempo juntos, mas às vezes tenho a sensação de que vivemos vidas completamente opostas! Pens que, no fim, tudo se resume ao ponto de vista!Gostei muito de ver o teu agora, depois de tanto anos, sobre a nossa chegada aqui a Portugal. Eu tive a sensação de que nesse dia 1 de Outubro fazia frio, vé la!Ainda tenho uma memória vaga destes tempos, mas comparando com as tuas já não me lembro de quase nada. Se calhar não é má ideia começar também a escrever um pouco porque a memória é muito traiçoeira.Se calhar mais vale deixar um registo das nossas vivências, até porque, muitos anos volvidos, é sempre interessante revisitarmos e reavaliarmos a nossa visão dos acontecimentos.Só não sei ainda é se o farei publicamente aqui na net... talvez prefira algo mais reservado (do género só para mim mesmo!).
Bjs

Anónimo disse...

...e nós, que continuamos por este Porto, nao esquecemos a chegada de um jovem angolano que veio romper com a monotonia e timbre pardacento dos locais...(eu incluido)... com a sua permanente boa disposição que contagiava...

Grande Valdemar, um abraço para ti

ps: O Senna era, de facto, bem melhor que o Prost..aliás...O Senna era o senna...e a formula 1 ERA fórmula 1....